quarta-feira, 8 de julho de 2015

PRODUTORES SOFREM COM FALTA DE ENERGIA


80% dos produtores de grãos do PI usam geradores por falta de energia

Situação é crítica e produtores recorrem recursos que encarecem a produção no estado

O Piauí, cadeira cativa nas últimas posições dos índices do Produto Interno Bruto (PIB), poderia aumentar significativamente seu potencial econômico caso uma série de medidas fossem tomadas para promover o crescimento de vários setores. Como se vê, indústria e turismo precisariam de ações urgentes para que, a longo prazo, surgissem os resultados, já que a construção civil vive sérios problemas com a crise. Apenas o agronegócio poderia ser a solução para o fortalecimento financeiro do estado, pois a cada ano a produção tem aumentado e o Cerrado piauiense é destaque nacional.
O 180 esteve no Sul do Piauí e ouviu as principais reclamações dos produtores de grãos. No município de Uruçuí, tanto as grandes empresas, como a agricultura familiar, saem prejudicadas. Há quatro problemas que fazem o setor não atingir seu potencial: estradas inadequadas, energia elétrica precária, ausência de apoio à agricultura familiar e conflitos fundiários. Esses problemas afastam investidores, encarecem o produto ao consumidor e prejudicam os pequenos produtores, que carecem de apoio mínimo para darem conta da produção para a própria subsistência.
Em Uruçuí, cidade há 428 km de Teresina, o 180graus conversou com Altair Fianco, proprietário do Condomínio União 2000. Paranaense, ele chegou ao Piauí em 1987, quando adquiriu sua primeira propriedade. Hoje faz parte do conselho fiscal do sindicato rural de Uruçuí e da diretoria da Aprosoja, Associação dos Produtores de Soja e Milho do Piauí. Ele falou das dificuldades enfrentadas e como soluções importantes podem fazer o estado se desenvolver. Ele também explicou como a administração municipal tem papel fundamental para reivindicar melhorias.
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AGRONEGÓCIO É SOLUÇÃO E NÃO PROBLEMA
O setor é hoje responsável por 12% do PIB, sem apoio nenhum do poder público, e segundo Altair Fianco, o agricultor exerce um grande papel no Cerrado. “O homem do campo sabe fazer, e de maneira competente. A própria tecnologia hoje não dá margem para que ele erre. É preciso ter tecnologia com os maquinários e isso exige um operador qualificado. Os produtores têm feito isso, porque é muito importante para a região. Dentro da porteira o agricultor faz a parte dele. O que está faltando é fora da porteira, tem coisas que ele pode fazer e coisas que não pode”, diz.
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ENERGIA É UM DOS MAIORES PROBLEMAS
O curioso é que a maioria das propriedades produtoras de grãos não possuem abastecimento de energia elétrica, que deveria ser feito pela Eletrobras. Os produtores têm que se virar para comprar geradores de energia, movidos a óleo diesel.
“Energia é o maior problema que nós temos. Se você rodar o Cerrado do Piauí, vai verificar que 80% é movido a óleo diesel. Onde se fala em ecologia, e várias coisas nesse sentido, nós não temos energia. O poder público deveria ver de forma diferente o agronegócio, e a agricultura como um todo”, afirmou.
ESTRADAS ATRAPALHAM ESCOAMENTO DE GRÃOS
A produção que é destinada para várias partes do Brasil e até do mundo, têm grande dificuldade de sair das propriedades por causa das condições das estradas. A Transcerrados, por exemplo, não foi concluída, que prejudica e encarece o produto.
“As estradas implantadas foram importantes, e algumas obras foram feitas, mas no coração do cerrado, pouca coisa foi feita. Começaram a fazer estradas e pararam, e os problemas são generalizados. Há trechos que em que é preciso ser um herói para transportar a produção”, afirma Altair.
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PIAUÍ PODERIA AUMENTAR PIB SIGNIFICATIVAMENTE
“O Mato Grosso do Sul planta quatro milhões de hectares. O potencial do Piauí, apenas nos cerrados é igual. O PIB de lá é muito maior e chegaríamos lá, com igualdade entre pequenos e grandes agricultores. Lá o pequeno produtor pode chegar a produzir mais que as grandes empresas. Não é porque a terra de lá é melhor, mas há mais assistência. O tamanho da propriedade não importa, mas o que se vai produzir lá”, revela o produtor.
O PAPEL DO PODER PÚBLICO
Segundo ele, as autoridades públicas apenas deveriam cumprir o seu papel, para que o estado crescesse economicamente. “Eu não peço incentivo para o governo, essa é uma palavra muito pesada para nossa categoria, o que a gente pede é que o poder público faça a parte dele. Estrada e energia é obrigação. Eventualmente tratamos a questão dos impostos, a forma como é cobrada, mas nossa parte sabemos fazer e bem”, diz.
“É um potencial muito grande e o governo deveria simplesmente cumprir a parte dele: conservar as estradas e fornecer energia. Não estamos pedindo muito. A nossa parte sabemos fazer, mas no governo há um caminho muito difícil, há promessas e promessas”, conclui Altair Fianco.

Fonte: 180

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